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A Amazônia queima a uma velocidade estonteante. Isso foi revelado por imagens de satélite fornecidas pela agência de pesquisas espaciais do governo brasileiro, INPE, que detectou 2.248 incêndios na floresta amazônica no mês passado, um aumento de 20% em relação a 1.880 incêndios no mesmo mês em 2021.

Imagens de satélite mostraram a propagação maciça dos incêndios que estão devorando a Amazônia, principalmente no Brasil, no início da estação seca. E com o passar das semanas, a situação só pode piorar, como também confirmou Anna Jones, gerente florestal do Greenpeace:

“Esses incêndios não são acidentes. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não fez nada para desencorajar fazendeiros e grileiros de parar de derrubar a Amazônia. Apesar da pandemia de Covid-19, o desmatamento aumentou e agora vemos fogos sendo deliberadamente acesos para limpar aquela terra para a agricultura industrial. Isto é apenas o começo. Nos próximos meses, a menos que vejamos uma forte intervenção, os incêndios provavelmente aumentarão e envolverão vastas áreas de floresta, colocando em risco a vida dos povos indígenas, da vida selvagem e agravando a crise climática global. "

Infelizmente, o alcance dos incêndios é tão vasto que também é visível de satélites. Eles foram monitorados pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, conforme mapa a seguir. Os pontos vermelhos representam os pontos críticos dos incêndios ocorridos no mês passado.

© INPE / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Este é o pior junho dos últimos 13 anos, de acordo com dados do governo. Em média, eram 75 incêndios por dia na Amazônia e teme-se que o desastre do ano passado, quando as florestas foram literalmente devastadas pelas chamas entre julho e agosto, se repita.

Amazônia devorada por incêndios: foi o pior junho dos últimos 13 anos

Esta é a situação das últimas 24 horas, observada por Firmas, da NASA.

© Firms / Nasa

O desmatamento aumentou 34% nos primeiros cinco meses do ano em relação a 2021, conforme mostram os números do INPE. A cada ano, a floresta absorve cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono produzido pela queima de combustíveis fósseis, desempenhando um papel crucial na mitigação da crescente crise climática. Aproximadamente 40 bilhões de toneladas de CO2 são emitidas em todo o mundo a cada ano. Os incêndios na Amazônia representam uma ameaça dupla: não apenas destroem as florestas necessárias para absorver dióxido de carbono, mas os incêndios, por sua vez, liberam milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

O desmatamento na Amazônia disparou nos últimos anos, com pico em 2021. Para monitorar a perda de floresta, o Inpe também usou imagens de satélite Landsat para quantificar áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares.

A taxa foi calculada a partir da análise de 229 imagens e o valor estimado foi de 10.129 km² de floresta perdida no período de agosto de 2021 a julho de 2021.

Os estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia são os que infelizmente apresentam 84,56% de todo o desmatamento, conforme mostra o mapa a seguir.

© INPE / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Os nove países amazônicos perderam 10% da cobertura florestal em 34 anos. De 1985 a 2021, foram 72,4 milhões de hectares, dos quais 69 milhões caíram na região dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As dimensões da cobertura vegetal perdida no período nos nove países correspondem ao território do Chile.

Os dados fazem parte da “Coleta Anual de Mapas 2.0 de Uso e Uso do Solo da Pan-Amazônia”, plataforma com mapas e estatísticas da região lançada nos últimos dias. É uma iniciativa de pesquisadores dos nove países que fazem parte da rede de informações socioambientais Georreferenciadas da Amazônia (Raisg) com a equipe de analistas da MapBiomas.

A esses temores somam-se também os relacionados ao coronavírus, visto que por um lado a falta de controle provavelmente favorece a propagação de incêndios, por outro, a piora da qualidade do ar só torna a situação de saúde ainda mais crítica.

Fontes de referência: Amazon.org, Greenpeace, Inpe, Ipam

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