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Se 2021 foi um ano fatal para a Amazônia, literalmente arrasada pelas chamas, 2020 também promete ser preocupante. Durante o mês de junho, os incêndios aumentaram quase 20%, atingindo o máximo dos últimos 13 anos. Um aumento tão importante no início da seca sugere que neste ano eles podem até superar o desastroso ano de 2021.

Enquanto o Brasil está lidando com a emergência de coronavírus e infecções disparadas (2,17 milhões de casos no total e mais de 81 mil mortes), no silêncio geral e talvez também devido a menos checagens devido à Covid, em junho houve numerosos incêndios, principalmente incêndios criminosos, em sua maioria desencadeados por madeireiros e fazendeiros criminosos que querem abrir espaço no terreno em detrimento das belas florestas amazônicas.

De acordo com estimativas divulgadas pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), 2.248 satélites foram identificados no mês passado, em comparação com 1.880 em junho de 2021. É a taxa mais alta desde 2007, quando 3.517 incêndios foram registrados. E o pico infelizmente está previsto para os meses de julho, agosto e setembro.

Em 2021, a agência espacial brasileira INPE registrou 89.196 incêndios apenas na Amazônia brasileira, mas nas duas primeiras semanas de julho a agência já registrou outros 1.444 novos incêndios.

“Não podemos permitir que a situação de 2021 se repita”, disse Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF Brasil, acusando o governo de inação do jornal Folha de São Paulo.

Os incêndios do ano passado atingiram o pico em agosto, com um total de 30.901 incêndios, triplicando o número do mesmo período do ano passado.

“Parar os incêndios e desmatamentos neste ano, além das ações de proteção ambiental, é também uma medida de saúde”, disse o principal autor do estudo, o pesquisador do IPAM Paulo Moutinho. A preocupação reflete dados do ano passado, quando os municípios que mais queimaram na Amazônia viram o ar ficar 53% mais poluído, em média, do que em 2021.

Segundo estimativas divulgadas em junho pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), uma área de pelo menos 4.500 quilômetros quadrados pode ser devastada pelas chamas nos próximos meses. O Instituto também levanta outra preocupação:

“Nesse caso, o número de internações por problemas respiratórios pode aumentar significativamente, pressionando ainda mais o sistema de saúde da região, que já é gravemente afetado pela covid-19”, explica o IPAM. “Pelos cálculos dos cientistas, se o ritmo acelerado de desmatamento continuar nos próximos meses, quase 9 mil km 2 podem virar cinzas, já que começa a temporada mais intensa de derrubadas e queimadas, com a chegada da seca na região”.

© Christian Braga / Greenpeace

© Christian Braga / Greenpeace

© Christian Braga / Greenpeace

Os incêndios de 2021 geraram protestos internacionais, com ameaças de sanções de governos estrangeiros e uma condenação unânime das políticas ambientais do presidente Bolsonaro. O presidente foi criticado por cortar verbas ao Ministério do Meio Ambiente.

Incêndios na Amazônia: entre o alarmismo e verdades incômodas. Vamos fazer um balanço

A Amazônia se estende por vários países da América do Sul, mas 60% está dentro do território brasileiro. É o lar de cerca de três milhões de espécies de plantas e animais e cerca de um milhão de indígenas. Os próprios indígenas, já severamente testados pelo coronavírus, também têm que lidar com incêndios e destruição de suas reservas.

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Segundo os cientistas, podemos estar próximos do "ponto de inflexão", quando o desmatamento total chega a 20-25%, e isso pode acontecer nos próximos 20 a 30 anos.

Fontes de referência: Inpe, Ipam, BBC, Folha de São Paulo

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